quarta-feira, 25 de maio de 2011

Era uma vez uma ideia. Nem boa nem má. Coitada. Era só uma ideia. Ela bem queria ser uma ideia estupenda. Daquelas ideias fantásticas. Brilhantes. Mas não era. Nada disso. Era uma simples e modesta ideia. Andava triste. A ideia. Andava triste porque estava farta que lhe chamassem "não é má". "Não é má" ideia. Ela estava farta de ser "não é má". Que não era má sabia ela mas ela queria ser boa. Uma boa ideia. Pelo menos isso. Boa. Como não sabia o que fazer foi ter com alguém para a ajudar. A ser uma boa ideia. Esse alguém explicou-lhe que isto das ideias serem boas tem mais do que se lhe diga. Que há aqui um processo analisado, documentado e revisto para as ideias se tornarem em boas ideias. A nossa ideia ficou de rastos. Achou que ia ser mais fácil. Achou que lhe bastava sair um bocadinho do caminho para ser uma boa ideia. Afinal não. Afinal tinha que pensar a sério naquilo. Mas disso a ideia não gostou mesmo nada. Afinal uma coisa em que ela acreditava verdadeiramente é que as ideias para serem boas tem de aparecer assim de repente. Serem expontaneas. Serem "logo se vê no que isto vai dar". Serem ideias que arriscam. Ela estava preparada para arriscar. Não estava preparada para pensar a fundo no longo caminho que tinha de percorrer para ser uma boa ideia. Também achava que tinha muito mais piada ser uma ideia se não fosse chato. Se não fosse chato ser uma ideia. E quando temos de pensar muito numa coisa que vem cá de dentro, é chato. E a ideia não gostou mesmo nada dessa ideia. Por um lado era uma "não é má" ideia e divertia-se à grande, aparecia quando queria e dizia o que lhe apetecia. Por outro queria ser uma boa ideia mas tinha de se concentrar muito nisso, de se esforçar bastante, de pensar em fases de uma fórmula qualquer chata. A nossa ideia não sabia mesmo o que fazer.