quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Num segundo

Quantas barreiras temos nós?

Cada um de nós?

Com quantos muros nos conseguimos proteger?

Não tem a ver com o que dizer

Tem a ver com o sofrimento incalculável que se pode sentir

Tem a ver com ter tudo despedaçado cá dentro

Destruído

Completamente morto e acabado

porque não se sabe avançar desta maneira

Tem a ver com vir um dia e outro e outro

e a realidade não se alterar

e ter de viver com esta realidade que não se quer aceitar

e ter de viver da mesma maneira quando nada pode ser, outra vez, da mesma maneira

Quando há perdas que são incalculáveis e que fazem morrer uma parte de nós

Porque não somos compostos só por nós

Somos compostos por todas as pessoas que nos pertencem

e morrer uma delas é morrer-nos um bocado

como ficar sem um braço ou uma perna para andar

E a ideia horrível de ser para sempre

e de não haver volta a dar

A ideia horrível do fim

do ser assim e pronto

e do termos que aceitar

A ideia horrível de mesmo assim termos de continuar

porque para nós ainda não acabou.