quinta-feira, 30 de junho de 2011

Durante

O vazio.
O silêncio opressor. Ensurdecedor.

O espaço ocupado com nadas.
Os móveis, as cadeiras, a desempenharem o seu papel.
A montarem um cenário.
Um cenário sem peça. Sem guião. Sem personagens.
Sem objectivo nem fim.
Sem nada.

Nada, só nada.
Nada que me enlouquece.
Nada que me congela.
Nada que me obriga a esperar por tudo.
Porque já não existe mais nada.

As luzes que iluminam uma escuridão que não deixa de existir.
A escuridão que me permite esperar.
A escuridão que me traz a promessa de uma luz verdadeira.
A escuridão que me esconde o que já não quero ver.
A escuridão que me acompanhou.
Até voltar a haver luz.

As rotinas porque existem.
O dia-a-dia que finge ser sempre igual.
As pequenas conquistas com que me enganei.
O segundo plano.
A aceitação do segundo plano.
De mim em segundo plano.
Numa peça que era a minha.